[Resenha]: "A Devolvida", de Donatella Di Pietrantonio




Da capa à última palavra escrita, este livro é sensível e perturbador. A história é narrada por uma mulher adulta que, aos 13 anos, viu sua vida se transformar radicalmente ao ser devolvida à sua família biológica por aqueles que ela acreditava serem seus pais. A “devolução” aconteceu de repente e sem nenhuma explicação plausível. De uma hora para outra, ela foi retirada de um lar confortável e afetuoso, para viver com uma família numerosa em uma habitação pobre, carente não só de alimentos, mas de gentileza e calor humano. 

Ao ser recebida pela família biológica com indiferença e certa rejeição, a devolvida foi tomada por um forte sentimento de não pertencimento. Não sabia mais qual era o seu lugar e sofria por sentir-se órfã de duas mães vivas: uma que nunca a quis e outra que não a queria mais. O abandono parental fez crescer dentro dela um vazio persistente e insuperável. A força para não sucumbir veio da sua própria obstinação e da cumplicidade da irmã mais nova, jogada no mundo tal como ela.

“A devolvida” é um drama familiar que provocou um grande impacto em mim. Acompanhar o sofrimento da adolescente negligenciada, marcada pelo abandono e que a duras penas tenta sobreviver em uma vida que não escolheu, me emocionou muito. Leitura recomendadíssima.


Título nacional: A Devolvida
Título original: L'Arminuta
Autor: Donatella Di Pietrantonio
Tradução: Mario Bresighello
Nº de Páginas: 158
Ano de lançamento no Brasil: 2019
Editora: Faro Editorial
Gênero: Romance italiano

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