[Resenha]: "O Filho de Todos", de Thrity Umrigar



Título nacional: O Filho de Todos

Título original: Everybody’s Son

Autora: Thrity Umrigar

Tradução: Claudia Carina 

Nº de Páginas: 336

Formato: eBook Kindle

Ano de lançamento no Brasil: 2017

Editora: Globo Livros

Gênero: Romance indiano/norte-americano



A premissa do novo romance de Thrity Umrigar, "O Filho de Todos", é a seguinte: uma rica família branca cujo filho morreu prematuramente, adota um menino que foi negligenciado pela mãe.  O menino em questão é Anton, um afro-americano de 9 anos,  que foi deixado sozinho por dias, trancado em um apartamento pequeno e abafado, enquanto sua mãe Juanita Vesper, viciada em crack, estava prisioneira num antro de drogas. Com fome e apavorado, o menino quebra uma das janelas e foge. Juanita acaba presa e perde a sua guarda.

O juiz David Coleman e sua esposa Delores passam a ser os guardiões temporários de Anton. Imediatamente David começa a desenvolver um amor enorme pelo garoto e em seu desespero para recuperar o prazer de ser pai, deixa a moralidade de lado e lança mão de suas conexões profissionais para que Juanita receba uma sentença de reclusão extraordinariamente longa e entregue Anton para adoção. O garoto é, então, oficialmente adotado por David e Delores, e passa a usufruir de todos os privilégios da elite branca. Com o passar do tempo, Juanita transforma-se numa distante lembrança. 

Embora David Coleman seja um pai muito dedicado e amoroso, e desperte a nossa simpatia por isso, não dá para esquecer que ele não agiu corretamente, pois usou seu poder, seu dinheiro e sua brancura para manipular a pobre e negra Juanita, e, assim, conseguir trazer Anton para a sua família. Mas, também, é impossível ignorar que apesar de equivocado, David proporcionou a Anton uma irrepreensível criação. Ele estudou nas melhores escolas, graduou-se em direito, tornou-se o mais jovem procurador-geral do Estado e planeja tornar-se governador. É neste momento da vida, que Anton Coleman recebe uma carta da mãe biológica; ao reencontrá-la descobre, finalmente, as circunstâncias que envolveram sua adoção e isso o leva a reavaliar toda a sua vida.

São incômodas as questões morais que impulsionam o romance de Thrity Umrigar, principalmente porque os indivíduos que as protagonizam acreditam que estão agindo com as melhores das intenções. Mas será que isso é suficiente para perdoá-los? Por outro lado, que futuro teria Anton se não tivesse sido adotado? Enfim, não há respostas fáceis para tais questões. Mas, de tudo, fica o sentimento de empatia pela dor de Anton, o filho de alguém que por conspiração da própria história, passou a pertencer a outros.

Apesar de ter achado o final angustiante, recomendo imensamente esta leitura.


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