O tempo e eu...
Envelhecer tem sido um achado.
O medo de envelhecer, dizem, é de lascar, mas envelhecer, convenhamos, não é só a única saída, é a melhor delas.
Pra fugir de tanta babaquice, pra entender o que é o desapego, pra curtir, de fato, a vida, envelhecer ensina.
Sentimentos ganham medida. Ansiosos ganham refresco, filhos perdoam os pais e pais perdoam os filhos, de grave basta nossa memória.
A pressa juvenil perde aquele tom estridente e vira urgência.
Tudo faz mais sentido ou finalmente deixa de fazê-lo.
Dor e euforia se acomodam em seus lugares. E, muitas vezes, nos deixam em paz. Outras não.
A vida refina o paladar e você descobre o sabor da água. O sabor do tempo. O valor de cada momento.
Envelhecer tem sido um achado, realmente.
Eu acho menos, procuro menos, espero menos, respiro mais e melhor e quando suspiro hoje guardo esse momento só pra mim.
A idade é o trilho, envelhecer é a viagem. E o amor... Êta trem bão!
E o coração, finalmente, ganha nossa atenção.
Ternura será nosso castigo. Coragem, nosso espólio.
Vou amar o silêncio, aceitar o esquecimento, dormir depois do almoço, andar devagarinho, mas não sei o que farei com a partida daqueles que amo.
Pois a única certeza que tenho na vida, além da morte, é esta: Um amigo é o mais perto que chegaremos de Deus.
Rodrigo Penna
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