[Resenha] "Minha Lady Jane", de Cynthia Hand, Brodi Ashton e Jodi Meadows



Título nacional: Minha Lady Jane
Título original: My Lady Jane
Autores: Cynthia Hand, Brodi Ashton, Jodi Meadows
Tradutor: Rodrigo Seabra
Nº de Páginas: 372
Formato: eBook Kindle
Ano de lançamento no Brasil: 2017
Editora: Gutenberg
Gênero: Ficção histórica


“Minha Lady Jane” baseia-se em figuras históricas reais: o rei inglês Eduardo VI, sua prima Jane Grey e o marido desta, Gifford Dudley. Todas essas personalidades viveram no século XVI, quando a dinastia Tudor dominava a política inglesa. O pai de Eduardo, o rei Henrique VIII, havia rompido com a Igreja Católica e fundado a Igreja Anglicana dando início a Reforma Protestante. Quando morreu, Eduardo, seu único filho homem, assumiu o trono. Como no momento da coroação ele tinha apenas 9 anos, o seu governo foi conduzido por um Conselho, encabeçado por John Dudley.

Sendo um protestante convicto, a Reforma teve um progresso significativo durante o reinado de Eduardo VI. A questão religiosa gerou um atrito entre ele e sua irmã mais velha, a Princesa Maria, que era uma católica devota e se recusou a curvar-se às convicções religiosas do irmão. Entretanto, Maria Tudor era, por direito, a sucessora do rei Eduardo no trono inglês.

Em 1553, aos 15 anos, Eduardo, que sempre teve saúde frágil, caiu mortalmente doente e foi persuadido por seu conselheiro Dudley a mudar a ordem de sucessão para que sua prima Lady Jane Grey conseguisse o trono, no lugar de Maria Tudor. Seu argumento era que Jane era protestante e Maria era católica, e a volta ao catolicismo seria desastrosa para a Inglaterra. Lady Jane tinha apenas 15 anos e como era casada com lorde Gifford, filho mais novo do conselheiro, foi arrastada para o centro de um conflito político, decorrente de um plano conspiratório do ambicioso John Dudley, que queria continuar controlando a Coroa.

A execução de Lady Jane Grey.
Pintura de Paul Delaroche.
Lady Jane foi coroada logo após a morte do primo, mas a maioria dos ingleses apoiava Maria Tudor, porque a Inglaterra gozava de décadas de estabilidade sob o comando dos Tudors. Assim sendo, Jane foi destronada e Maria proclamada rainha. O reinado de Lady Jane durou apenas 9 dias! Ela foi presa, acusada de traição. Meses depois, ela e o marido foram decapitados. Jane tinha 16 anos.

Com esse desfecho trágico, esta não é uma história afortunada, não é mesmo? E a pobrezinha da Lady Jane nem queria ser rainha! As autoras Cynthia Hand, Brodi Ashton e Jodi Meadows decidiram reescrever a trama, acrescentando magia, fantasia e modificando alguns detalhes para que o final fosse feliz. Em vez, por exemplo, da religião (católicos x protestantes) ser o motivo do conflito, a divergência passou a ser entre Eδianos (que se pronuncia com a ponta da língua nos dentes, e-thi-a-nos) e Verdádicos. Os Eδianos possuíam a habilidade de transitar entre as formas humana e animal, ou seja, um Eδiano podia se transformar em algum tipo de animal e depois voltar à forma humana. Eles eram apoiados por Eduardo e Jane, e lutavam pela igualdade e pelo direito de viver livremente. Do outro lado, estavam os Verdádicos, liderados por Maria Tudor, que viam os Eδianos como uma abominação que precisava ser erradicada. Os verdádicos acreditavam que os seres humanos não tinham nada que ser qualquer outra coisa além de humanos. É claro que o objetivo da trama é evitar que Maria e os Verdádicos assumam o poder. E isso levará a uma batalha épica, entremeada por momentos mágicos e românticos.

As autoras dão voz a Eduardo, Jane e Gifford, alternadamente, nos capítulos do livro. E uma das coisas mais incríveis, é que é impossível discernir qual autora escreveu sobre qual personagem. Há uma sintonia perfeita no jeito como elas escrevem. O livro é descaradamente brincalhão. O humor está presente nas descrições, nos diálogos e, principalmente, nos comentários pessoais que as autoras inserem ao longo do texto. Eu não sou grande fã de fantasia, mas essa versão divertida da História me agradou. 


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