Eu assisti: "Minhas Tardes Com Margueritte"




De um lado está o iletrado agricultor Germain, papel do ator Gérard Depardieu; do outro, Margueritte (Gisèle Casadesus), uma frágil senhora de 95 anos, ex-ativista da Organização Mundial de Saúde, apaixonada por livros. A inesperada amizade entre eles é o fio-condutor do filme de Jean Becker. 

A amizade dos dois surge de um encontro numa praça onde ela sempre se senta para ler, e ele para fazer um lanche.

Germain é um cidadão preso aos traumas da infância, motivados pela falta de afeto por parte de sua mãe. Já Margueritte é uma simpática velhinha solitária, que mora numa casa de idosos. Depois de se conhecerem, ela vai, aos poucos, despertando nele o gosto pela leitura e pela cultura em geral. 

"Minhas Tardes Com Margueritte" é um filme delicado e sensível sobre a beleza das relações humanas. O  longa encanta e emociona; não é um dramalhão, mas é impossível não chorar.

Ao final, o personagem de Germain diz uma poesia, que é mais ou menos assim: “Foi um encontro pouco corrente entre o amor e a ternura, mais nada. Tinha nome de flor e vivia entre palavras, adjetivos esmerados, verbos que cresciam como a grama; alguns ficavam. Entrou suavemente desde a carcaça até o meu coração. Nas historias de amor, tudo é grande; às vezes não existe sequer ‘eu te amo’, mas a gente se ama. Foi um encontro pouco ordinário, a conheci por acaso no parque, não ocupava muito, o tamanho de uma pomba com as suas penas, embrulhada em palavras, em nomes, como o meu. Deu-me um livro, depois outro, e as páginas se iluminaram. Não morras ainda, há tempo, espera; não é a hora pequena flor, dá-me um pouco mais de ti, dá-me um pouco mais da tua vida, espera. Nas historias de amor, às vezes não existe sequer ‘eu tem amo’, mas a gente se ama.”


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