[Resenha]: "A Vegetariana", de Han Kang






O livro traz a história de Yeonghye, uma mulher sul-coreana, casada, que, aparentemente, leva uma vida comum, até que se torna uma vegetariana fervorosa após um sonho perturbador. A decisão aparentemente inofensiva, de deixar de comer, cozinhar e servir carne, desencadeia uma série de eventos que alteram sua vida e criam um efeito cascata de ruína familiar. 

Logo fica claro que o que está acontecendo com Yeonghye é muito mais do que uma simples mudança na dieta. Os sonhos perturbadores constantes, aliados a traumas antigos provocados por um pai violento, geraram uma ansiedade existencial, que a levou a ignorar o comportamento social tido como “normal”. Numa sociedade tradicionalmente conservadora onde a mulher é criada para passivamente servir e agradar, o seu vegetarianismo é “antinatural” e, por isso, desagrada e envergonha seu marido e seu pai. Apontada como “diferente”, por tentar escapar de limites impostos pela sociedade opressora, ela torna-se cada vez mais instável mentalmente. 

A história é contada pelo marido, que  abandona Yeonghye, por seu cunhado, que fica obcecado por ela, e por sua irmã, cuja vida foi sacudida por ela. Esses três elementos, mesmo que não tivessem a intenção, lançaram luz sobre o protesto silencioso de uma mulher irremediavelmente afetada pela violência. Apesar do final meio confuso e não convencional, essa é daquelas leituras que ficam com a gente por muito tempo depois de terminar, e quanto mais se pensa nela, mais profunda ela fica. Por causa disso, vale a pena conferir.


Título nacional: A Vegetariana
Título original: 채식주의자
Autor: Han Kang
Tradução: Jae Hyung Woo
Nº de Páginas: 176
Formato: e-Book
Data de lançamento no Brasil: 2018
Editora: Todavia
Gênero: Drama familiar


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