Eu ri!


Homem e mulher na cama

- Quem é o seu ursão?

- É você.

- Quem é o seu ursanzão?

- É você.

- E quem é a minha ursinha?

- Sou eu.

- Quem é a minha ursinha pequenininha?

- Sou eu.

- Me chama de "meu ursão".

- Meu ursão. Meu ursanzão. Meu ursanzão peludão.

- Eu sou o seu ursanzão peludão, sou?

- É. Meu garanhão.

- Quê?

- Meu garanhanzão!

- Pô, Matilde.

- Que foi?!!

- "Meu garanhão"?!!!

- Que que tem?

- Você sabe o que é garanhão?

- Ora, Paulo. Quem não sabe o que é garanhão?

- Antes você não sabia.

- Eu sempre soube o que é garanhão. Não dizia, mas sabia.

- E por que está dizendo agora?

- Que mal há em dizer... Francamente, Paulo!

- Você conheceu algum garanhão?

- Não, Paulo. Não conheci nenhum garanhão pessoalmente. Meu conhecimento é puramente teórico. Aliás, não conheço nenhum urso, também. O único urso que eu conheço é você.

- Não é a mesma coisa. "Ursão" e "ursinha" é uma coisa nossa. Desde a nossa lua-de-mel, ou você já esqueceu? Não sei por que você teve que trazer esse "garanhão" pra nossa cama. Olha aí, espantou os ursos.

- Está bem, eu retiro o garanhão. Fora desta cama, garanhão. Xô, xô.

- Agora não adianta. O mal está feito. Pô, Matilde. Nunca pensei.

- Ei, ursão... Ursanzão... Ursanzão peludão... Eu não quero um garanhão. Eu quero você.

- E você acha que eu não sou um garanhão?

- Não. Você é ursão. Ursão é melhor que garanhão.

- Como é que você sabe? Se você não conhece nenhum garanhão, como é que pode comparar?

- Iiihhh... Sabe de uma coisa, Paulo? Boa noite.

- Não, agora eu quero saber!!!

Texto de Luis Fernando Veríssimo
Foto de David C. Schultz

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