[Resenha] "Inventei Você?", de Francesca Zappia



Título nacional: Inventei Você?
Título original: Made You Up
Autora: Francesca Zappia
Tradutora: Monique D’Orazio
Nº de Páginas: 472
Formato: eBook Kindle
Ano de lançamento no Brasil: 2017
Editora: Verus
Gênero: Ficção norte-americana


“Inventei Você” conta a história de Alexandra Ridgemont, uma menina de 17 anos, que por volta dos 13 foi diagnosticada com esquizofrenia do tipo paranoica. Ela trava uma batalha diária para diferenciar a realidade das alucinações visuais e auditivas provocadas pela doença. Mas como está determinada a concluir o ensino médio e chegar à faculdade, faz de tudo para levar uma vida normal, tentando esconder o transtorno das pessoas com quem convive. Ela não deseja que a vejam como louca, então não se descuida da medicação, que diminui os delírios e as alucinações, e se mantém ocupada trabalhando meio expediente em uma lanchonete

Após sua expulsão da escola por um ato de vandalismo durante um surto, Alex, começa seu último ano em uma nova escola, onde, para compensar o mal-feito, frequenta um clube de estudantes que faz trabalho voluntário para os eventos esportivos do colégio. O líder do grupo é Miles, que, segundo Alex, se parece muito com um garoto que anos atrás a ajudou na libertação de lagostas que estavam confinadas no tanque de um supermercado. Mas será que esse garoto existiu de verdade ou ela o inventou? Realidade ou alucinação?

Como é a própria Alex que narra a história e ela quase sempre não sabe se o que vive é real ou imaginário, nós, os leitores ficamos também em dúvida. Esse clima inquietante de suspeitas e incertezas, prende o leitor à trama, pois aguça a sua curiosidade. Em mim, no entanto, provocou sentimentos conflitantes e confusos. É dolorido ver Alex se esforçando para viver como qualquer adolescente, ao mesmo tempo que checa os ambientes em busca de inimigos, inspeciona os alimentos para se certificar de que não estão envenenados, e enfrenta alguns surtos assustadores.  Fiquei pensando, se em vez de esconder a doença, não teria sido melhor enfrentar o preconceito e falar abertamente sobre ela, levando as pessoas a entenderem que o cérebro é um órgão e que, portanto, está sujeito a adoecer como qualquer outro órgão do corpo humano? 

Apesar da importância, a história não é centrada apenas na doença de Alex, mas também na sua tentativa de ajustamento e no seu primeiro romance. Ela e Miles são do tipo imperfeitos perfeitos. Ambos têm problemas e tentam lidar com eles, sem desistir, mesmo quando a vida fica difícil. O envolvimento acontece aos poucos e resulta num relacionamento estranho e doce.  Foi uma pena que o personagem Miles não tivesse sido mais aprofundado. Ele merecia ser melhor explicado! Ouso até dizer que a história do casal era forte o bastante para manter sozinha a trama, sem a necessidade de apelar para outros dramas paralelos, meio absurdos inclusive, como aconteceu. 

"Inventei Você", de Francesca Zappia, não é um livro ruim, mas, com certeza, não está entre as melhores leituras que fiz este ano.


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