[Resenha] "A Filha Perdida", de Elena Ferrante



Sem sentir a síndrome do "ninho vazio", mas aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, Leda, uma professora universitária de meia-idade, decide tirar um solitário descanso junto ao mar, no sul da Itália.

Lá, ela encontra uma grande família napolitana barulhenta, com quem, a princípio, travou uma relação de observação silenciosa, devido a semelhança com a sua própria família, da qual conseguiu escapar aos dezoito anos para estudar em uma outra cidade. De todos os integrantes da família de veranistas, Leda se identificou em especial com Nina, que parece ser a mãe perfeita de Elena, uma menininha de três ou quatro anos, que nutre um enorme afeto por sua boneca a quem trata como filha também.

A convivência com a jovem mãe, sua filha pequena, e com as turbulências provocadas pelo roubo da boneca que a garotinha amava tanto, desencadeiam em Leda um redemoinho de memórias sobre sua própria vida e suas escolhas como mãe. Escolhas difíceis e pouco convencionais. 

"A Filha Perdida" é um livro altamente emocional, que trata da inadequação de Leda como mãe. É um retrato corajoso e extremamente moderno de uma mulher que admite para si mesma, que a sua vida sem filhos poderia ter sido mais feliz. 

Trazer à superfície questionamentos sobre o mito da sagrada maternidade, não é tarefa fácil, mas Elena Ferrante o faz competentemente. Sua personagem passa a limpo sua vida, enfrenta seus fantasmas e consegue no final uma espécie de ressurreição interior. Recomendo a leitura!


Livro: A Filha Perdida
Título original: La Figlia Oscura
Autor: Elena Ferrante
Tradução: Marcello Lino
Páginas: 176
Ano de lançamento no Brasil: 2016
Editora: Intrínseca
Categoria:  Literatura Estrangeira / Romance 

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